terça-feira, 29 de novembro de 2016

NOTIZIE DELLA FAMIGLIA – 000

Notícias da família - 000


O objetivo dessa série é divulgar antigos registros, recém-encontrados. Explico. Desde aquela tarde fria de julho (ver post anterior), minha pesquisa genealógica se resume a: 1. Confirmar ou retificar as informações; e 2. Buscar “novos” dados.
Com a “evolução” da internet (lembrem-se que estamos falando de julho de 1986...), representada pela popularização das redes sociais (Orkut, Facebook...), e principalmente com o surgimento do “oráculo supremo”, o Google, a pesquisa genealógica avançou quarteirões.
Entretanto, há alguns meses (não sei bem precisar), uma verdadeira revolução foi patrocinada pelos mórmons (a Igreja dos Santos dos Últimos Dias), através da página do Family Search1. Eles resolveram disponibilizar a consulta “on-line”, GRATUITA e SEM necessidade de “cadastro”, de milhares (milhões?) de registros civis e eclesiásticos microfilmados por eles, ao redor do mundo, durante décadas. São registros antigos (com 100 anos ou mais), a maioria deles ainda não “indexados2”. Num próximo post, mostrarei como acessar os microfilmes.
No primeiro microfilme pesquisado, por exemplo, encontrei os registros de nascimento de Aldaneve (tia Nena?), filha da tia Theresa (que era filha de Francesco Girolamo), em 29/1/1907, e de Victorio Luiz, filho de Francesco Girolamo, em 19/2/1907. Ou seja, o tio nasceu 3 semanas após a sobrinha.
Serão posts curtos, reportado os “achados”, como esses aí de cima, que farão parte da série “Noticie de la Famiglia”. Como sempre, peço à parentada que comente e que traga mais informações sobre a “figurinha” objeto do post; pois a história dos nossos antepassados é bem mais que um “catálogo telefônico”.

Notas:
1. https://familysearch.org/
2. “Indexados”, significa que os dados contidos nas imagens foram armazenados em bancos de dados.

sábado, 19 de novembro de 2016

COMO TUDO COMEÇA?

O Caminho da Roça


Muitas vezes, parentes e amigos já me perguntaram como se consegue montar uma árvore genealógica da família, como se encontra o “antepassado italiano”, como se “faz a cidadania”... E eu costumo responder, brincando: “Vai perguntar prá tua avó!!”.

Mas, é nessa brincadeira que se esconde a mais pura verdade: são os pais, os tios e os avós a fonte primária de toda informação sobre as raízes de cada um de nós.

Voltando às interrogações iniciais, eu não tenho respostas exatas. Entretanto, o que posso contar aqui no Cavocando Raízes, é como eu iniciei a “minha” caminhada nesses assuntos. Quem tiver paciência e curiosidade, aí está...

Anos 80. Tarde fria de um mês de julho em Porto Alegre. Nas “férias de inverno”, sempre passávamos uns dias na casa da vó Maria (Favero Caldieraro), na Rua Coronel Feijó, zona norte da capital. Nada de interessante a ver na TV, resolvi ir até a cozinha. Ali, meu pai (Valdemir Luiz Caldieraro, o Miro), a tia Lucila (Caldieraro) e a vó Maria conversavam sobre “o pessoal do Prata/Bassano”, em volta do fogão à lenha, sobre o qual estava um bule com café recém passado, ao lado da chaleira com água para chimarrão. Contrariado por “toda a vida” ficar ouvindo “estórias e histórias” sobre pessoas que eu não tinha menor de quem fossem (Secondianos, Antonietas, Pinas, Seganfredos, Boitos, Zanetes, Joanas, etc.), resolvi pegar umas folhas de papel almaço e um lápis (ou caneta?), servi uma xicrinha de café preto, e me sentei junto a eles.

- Pai... Mas, afinal, como se chamavam os irmãos da vó Maria?

Ah... Mas, foi como abrir o vertedouro de uma barragem... Ele e a tia Lucila começaram a despejar nomes de gringos, quase como num jogral... E eu, desesperado, não consegui anotar nada no primeiro momento...

- Para, para, para!! Assim não dá; não consigo escrever tão rápido. Além disso, quero botar em ordem. Quem era o mais velho, ou a mais velha, dos irmãos? E outra coisa; quero anotar ao lado de cada um, os nomes das mulheres e dos maridos; e em baixo, os filhos de cada casal. Então vamos começar de novo, bem devagar, para eu poder anotar...

E aí sim. Naquele momento, meio que sem querer ou sem saber, comecei a construir a árvore genealógica das minhas famílias. Pai, tia e vó, após várias interrupções para “equalizarem informações” (“não, não, fulano era mais velho que sicrano”; “... por favor... tá caduca? o marido de beltrana se chamava...”; “... porca madónega, claro que o nome dela era tal”, e assim por diante), naquela tarde, me presentearam com um belo “álbum de figurinhas”. Um álbum interminável, com algumas dezenas de figurinhas, mas com centenas de lacunas...

Com o passar dos anos, descobri que algumas daquelas figurinhas foram coladas em lugares errados, que faltavam pedaços ou que estavam borradas ou amassadas. Foram, então, substituídas e recolocadas no álbum. Mas, enfim, para quem sempre gostou de fazer coleções (selos postais, moedas, figurinhas, chaveiros, adesivos, etc.), ali começava a “coleção definitiva”. Na verdade, várias coleções, pois somos feitos de várias famílias. Coleções de nomes, de relações, de histórias, de vidas. Um álbum, composto por de vários volumes, que um dia será abandonado por esta figurinha (e espero, retomado por outra figurinha), mas que jamais será finalizado.

Por isso, volto a repetir o grande segredo: “Vai perguntar prá tua avó!!”.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

DIA DE SÃO MARTINHO (GIORNO DI SAN MARTINO)

O santo dos peregrinos, andarilhos e viajantes.

Chegada à "Comune" de Montegaldella (Vicenza)

Montegaldella (VI), 15 de junho de 2007. Deixamos o hotel pelas 9h da manhã. Sol alto. Mormaço. Nada de vento, nem uma folha se mexendo. No pátio da “Comune di Montegaldella1”, consegui uma sombra de árvore para deixar o carro estacionado. Minha mãe, como de costume, preferiu ficar esperando no carro. O atendente, muito atencioso, quebrou o protocolo e permitiu que eu manuseasse o livro “Registro di Popolazione2”, ao qual prefiro chamar de “livro de família”. Minha opinião, esse livro é a fonte “filé mignon” dos pesquisadores que procuram raízes na Itália (não sei se outros países tem algo semelhante).
Comune di Montegaldella, Provincia di Vicenza, Regione Veneto
Comecei a folhá-lo e, rapidamente, encontrei o registro da família de Valentino Caldieraro: Via Camorra, casa n. 74, data de ingresso na “comune” em 11 de novembro de 1881, data da saída da “comune” em 11 de novembro de 1887... Em seguida, o registro da família de Giovanni Caldieraro: Via Cittadella, casa n. 167 e 168, data de ingresso na “comune” em 11 de novembro de 1881, data da saída da “comune” em 12 de dezembro de 1884 com destino ao Rio de Janeiro... Por fim, o da família de Matteo Caldieraro: Via Bufa al Ferro, casa n. 196, ingresso (de Matteo) na “comune” em 11 de novembro de 1882, data de ingresso (de Francesco Caldieraro, filho de Matteo) na “comune” em 11 de novembro de 1883...
Detalhe do “Livro de Família” de Montegaldella, 1ª página da família de Matteo Caldieraro
Detalhe do “Livro de Família” de Montegaldella, 2ª página da família de Matteo Caldieraro
Opa... Mas, que palhaçada é essa? Bateu a preguiça, e o cara do registro resolveu preencher tudo com a mesma data: 11 de novembro? Ou seria algum código, ou sei lá o quê? Voltei à sala onde ficava o atendente (Sr. Bruno, se não me engano) e perguntei a ele o que era aquilo; a “síndrome do 11/11”?? Ele deu uma boa gargalhada e disse: “Mais um brasileiro que não conhece São Martinho!”.
Foi então que me contou a história, ou melhor, a Lenda do “Verão de São Martinho”, à qual reproduzo abaixo. Encontrei num site italiano3, e tentei (com ajuda do Google Tradutor) traduzir para o português.
São Martinho (San Martin) nasceu em Tours, França, por volta de 316-317 d. C., e foi um dos primeiros santos não-mártir da Igreja Católica. Legionário romano na região da Gália, foi lá que viveu a experiência que mudou sua vida para sempre.
Diz a lenda que Martinho, numa noite fria de novembro, enquanto inspecionava os postos de guarda, encontrou um mendigo vestindo apenas alguns trapos. Então, o nobre Martino sentiu pena do pobre rapaz e ofereceu-lhe metade da sua quente capa militar, cortando-a com sua espada. Naquela noite, Martinho sonhou que Jesus, vestindo sua capa, dizia aos “soldados-anjos” que Martin o havia protegido com sua capa. Ao amanhecer, ainda impressionado com o sonho, Martinho encontrou sua capa... intacta, inteira.
Martinho, após a experiência mística, converteu-se ao cristianismo, foi batizado e, depois de vinte anos de carreira militar, tornou-se bispo de Tours, onde continuou humildemente, até sua morte, seu trabalho pastoral. Sua capa milagrosa tornou-se uma relíquia, e foi preservada pelos reis merovíngios.
A lenda de São Martinho tem inspirado a muitos, a identificarem como o “verão de São Martinho”, a ocorrência (repetida ao longo dos anos) de tempo bom, nos dez primeiros dias de novembro. Segundo a lenda, é a vontade de Deus para lembrar o nobre gesto do santo.
Ok, seu Bruno... Mas, e o que isso tudo tem a ver com os repetidos registros de chegadas e partidas em 11 de novembro? Então ele me explicou que, por ser uma época de tempo bom, após o final das colheitas e de seus processamentos, se convencionou tacitamente, ao longo dos séculos XVIII e XIX, naquela região (somente lá?), que 11 de novembro (data que se celebra a morte de São Martinho) seria um dia para “mudanças”. Mudanças de moradia, de patrão, de oportunidades. Nesse dia, as pessoas estavam “livres” para ir embora, para sair de seu emprego, para demitir, para contratar, para voltar, para tentar nova oportunidade, novo emprego, nova vida... O dono da terra podia “demitir”, o empregado podia “largar fora” sem dar qualquer explicação... Dia de viajar, de peregrinar, de andar...
Interessante, não? Pois eu achei... Até a próxima!
E que São Martinho nos proteja em nossas andanças...
Notas:
1.Na Itália, dá-se o nome de “Comune” ao prédio público onde se reúne diversos órgãos da administração municipal, tais como registros civis, secretarias, bibliotecas, etc.
2.Nesse livro, instituído por Decreto Real em 31 de dezembro de 1864, se registram, a cada duas folhas, diversas informações sobre as famílias (ou núcleos familiares) residentes em cada casa da “comune” (município): sobrenome, nome (ambos conforme registro/batizado), filiação, sexo, parentesco (com o/a “cabeça de família), profissão, local de nascimento, data de nascimento, estado civil, data de chegada (à “comune”), procedência, data de saída, destino...
3. http://balbruno.altervista.org/index-1622.html
Observação: Todas as imagens pertencem ao arquivo pessoal do autor.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

BOAS VINDAS

Bem-Vindos!

Abri hoje este blog com objetivo de criar, reunir e divulgar informações e histórias sobre minhas famílias.
Cavocando Raízes é um local de trocas, como aquelas antigas vendas, aqueles bodegões coloniais... Você traz o que produziu e, com um pouco de sorte, leva o que procurava.
Desde já, agradeço pelas visitas e pelas contribuições.
Voltem sempre!